Chikungunya e a Transmissão Materno fetal

Chikungunya

Chikungunya é um arbovírus, que também tem como vetor Aedes aegypti e Aedes albopictus.

Em 2006, foi reconhecida a transmissão materno-fetal e infelizmente, sua incidência vem aumentando progressivamente a cada surto das arboviroses.

A infecção no periparto ocorre
entre 7 dias antes do parto até 2 dias depois do parto. Mas o período de maior
transmissão é o intraparto, período que se estende de 2 dias antes até 2 dias
depois do nascimento. Nesse período a taxa de transmissão pode chegar a 50% e
90% desses bebês podem evoluir com formas graves da doença.

A infecção pelo Chikungunya na
gestação não está relacionada com efeito teratogênico como no caso do Zika
vírus, mas há relato de abortamento espontâneo associado a esse quadro.

A via de parto é de indicação
obstétrica, pois a cesariana não altera o risco da transmissão vertical.

Até o momento, não há evidência
científica que demonstre a transmissão pelo leite materno, sendo que a
recomendação atual é que o aleitamento materno seja mantido.

Geralmente o recém nascido ao
nascimento é assintomático e, as manifestações clínicas da doença vão aparecer entre
o 3º-7º dia de vida do bebê. Isso é preocupante porque a maior parte dos bebês
a termo, recebe alta em torno de 48 horas após o nascimento. A criança que foi
exposta ao vírus no período intraparto irá manifestar as alterações clínicas em
casa, retardando o diagnóstico e ações efetivas para melhorar o prognóstico.

Então para evitar complicações,
todos os recém-nascidos de mães com infecção perinatal pelo vírus Chikungunya
devem ser internados em unidades de cuidados neonatais. Devendo aguardar 5-7
dias antes de dar alta, caso não tenha manifestações clínicas ou laboratoriais
da doença.

As manifestações clínicas entre
neonatos incluem febre, sucção débil, erupção cutânea grave, edema periférico e
dor difusa. Podem desenvolver doença neurológica (por exemplo,
meningoencefalite, edema cerebral e hemorragia intracraniana) ou doença
miocárdica.

As alterações laboratoriais
incluem elevação de transaminases, plaquetopenia, linfopenia e aumento do tempo
de protrombina.

Para o diagnóstico da gestante,
puérpera ou recém-nascido são indicados a realização de RT-PCR (sangue
periférico) entre o 1° e o 5° dia de início dos sintomas e sorologia IgM para
aqueles a partir do 6° dia de início dos sintomas.

Se a mãe iniciar sintomas em até
7 dias antes do parto, pode-se também coletar após o nascimento amostra de
sangue de cordão umbilical (de 2 a 5 mL) e fragmento de placenta (três
fragmentos de 1cm³ cada) para realização de RT-PCR para Chikungunya.

Importante frisar que uma
sorologia inicialmente negativa não afasta o diagnóstico da doença no
recém-nascido. Nos casos de recém-nascido sintomáticos, com vínculo
epidemiológico confirmado, recomenda-se repetir o teste sorológico na criança
entre 3-4 semanas após o nascimento.

Não há antiviral para tratamento
específico, apenas medidas de suporte e de controle de analgesia. O
desenvolvimento de vacina para prevenção da Chikungunya está em andamento.

Os casos suspeitos são de
notificação compulsória e devem ser notificados.

As medidas de prevenção contra a
Chikungunya devem ser estimuladas durante o pré-natal e reforçadas
principalmente no final da gestação. Na profilaxia primária, destacam-se o
controle de criadouros de Aedes aegypti, o uso de roupas claras,
cobrindo o máximo da superfície corporal exposta, e o uso de repelentes
(Icaridina, DEET 15%) e de mosquiteiros.

Referências: UpToDate. Nota
técnica num 03/203. Chikungunya em gestantes e recém nascidos, 25/04/2023

Chikungunya

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